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quinta-feira, março 24, 2005

Viseu, à margem da lei e da ordem?

Mesmo os mais desatentos e os privados de informação já ouviram rumores sobre a homofobia que se tem vindo a verificar em Viseu.
Não é apenas ali. Olhem ao redor e constatem o que ainda está mal em nós próprios ou nos que nos rodeiam, nas grandes cidades ou nas pequenas aldeias. É o bater no ferro que faz o ferreiro, dizem. Quantas mais vezes teremos de ouvir o mesmo, até que o panorama mude?

noitidartnoK


Associação denuncia "inércia" de autoridades face aos ataques a homossexuais em Viseu
Maria Albuquerque

A Panteras Rosa revela a existência de um "gang organizado" composto por cerca de trinta indivíduos "obcecados" e violentos.

A Panteras Rosa, associação de combate à homofobia, acusa as autoridades de passividade face às recentes agressões a homossexuais, em Viseu. O porta-voz, Sérgio Vitorino, ontem, em conferência de imprensa, lamentou "a inércia de quem tem responsabilidades públicas", nomeadamente o Governo Civil, "responsável pelas polícias", e a PSP, acusando alguns agentes de estarem "pouco empenhados" em identificar os agressores. "Trinta indivíduos que se deslocam em caravana automóvel pela cidade, a bater em pessoas, não passam despercebidos. Não compreendo por que é que o Governo Civil não actuou, dentro das suas competências, para proteger estes cidadãos. Se há um conjunto grande de pessoas, por que não foram identificadas?

Porque é que a polícia não investigou?", questionou, acrescentando que os agressores agem "sem terem a preocupação de se esconderem", porque "estão muito confiantes na sua impunidade". Acrescentou que os agressores utilizam automóveis de alta cilindrada, sendo, por isso, "fáceis de identificar".

Sérgio Vitorino garantiu ainda que algumas das testemunhas das agressões denunciadas às autoridades estão a ser "ameaçadas quotidianamente com telefonemas", recebendo "ameaças de morte". "Aparentemente, os agressores sabem quem são as testemunhas, onde moram e quais os contactos. Porquê? Isto não é uma situação normal no sistema judicial português", vincou, sublinhando que "todas as instituições faltaram ao seu dever".

O PÚBLICO tentou, sem sucesso, obter uma reacção do governador civil de Viseu, Azevedo Maia. À Lusa, o comandante da PSP de Viseu, Simões de Almeida, negou que os seus agentes fechem os olhos às agressões. Acrescentou que as críticas vão ser analisadas e, caso os visados se sintam prejudicados, poderão ser accionados os mecanismos legais. Simões de Almeida afirmou ainda que a PSP reforçou a vigilância "nos locais onde é mais provável encontrarem-se indivíduos com tendências homossexuais", nomeadamente a Avenida da Europa.

Há cerca de um mês, um homossexual e dois amigos foram alegadamente ameaçados de morte, em pleno centro da cidade. Na altura, a PSP identificou os suspeitos, cinco homens e duas mulheres, com idades entre os 20 e os 30 anos. A Panteras Rosa vincou que os "ataques, ameaças e torturas" têm sido executados por um gang de cerca de 30 pessoas. Destacou que é um problema de "segurança pública", que se estende a todos os cidadãos, dado que há relatos de heterossexuais agredidos "na presunção de serem homossexuais".

Fonte: Público, 23 de Março de 2005