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quinta-feira, março 10, 2005

Vírus galopante

As autoridades de saúde norte-americanas lançaram o alerta para a possibilidade de ter sido descoberta uma nova estirpe de vírus da sida (VIH), rara, galopante e resistente à medicação antiviral.

O novo tipo de vírus da imunodeficiência humana adquirida foi detectado num homem de 40 anos, homossexual e toxicodependente, a quem a doença se manifestou cerca de dois meses depois de ter contraído a infecção, divulgou o Departamento de Saúde e Higiene Mental de Nova Iorque.O doente em causa teve mais de 100 parceiros sexuais por ano, não usava preservativo e era dependente de metanfetaminas, uma droga que é um estimulante sexual. Terá sido infectado em Setenbro passado e a doença foi-lhe diagnosticada em Dezembro.

Apesar de, até ao momento, ser conhecido apenas este caso, as autoridades de saúde norte-americanas consideram “alarmante” a situação.O alarme, divulgado pelo jornal ‘New York Times’, deve-se ao facto de a doença se ter manifestado dois meses depois da infecção inicial, o que normalmente acontece ao fim de um período de dez anos, e por o vírus não responder a três dos quatro tipos de medicação retroviral que é usada no controlo da doença.

Thomas Frieden, director do Departamento de Saúde de Nova Iorque, justificou o alerta “com a necessidade de chamar a atenção para comportamentos de risco, nomeadamente de homossexuais que praticam sexo sem protecção, e especialmente de pessoas que se drogam com metanfetaminas”.

CEPTICISMO
Apesar do alerta, alguns médicos manifestam um certo cepticismo. Um dos médicos responsáveis pela descoberta desta estirpe, Robert Gallo, citado pelo diário norte-americano, diz estar “céptico quanto ao aparecimento de uma nova estirpe” e prefere falar “num caso isolado” relacionado com o sistema imunitário do doente.
Todavia, Jay Dobkin, director do programa da sida da Universidade de Columbia, considera que “os comportamentos de risco podem ser mais perigosos hoje em dia porque há uma mudança na infecção devido à mutação do vírus que podemos não ser capazes de tratar”.

O Departamento de Saúde e Higiene Mental adverte os médicos para verificarem os mais recentes casos de infecção por VIH para apurar se algum doente se reporta à variante resistente da medicação retrovírica.

EM PORTUGAL EXISTEM ALGUNS SUBTIPOS
Em Portugal existem alguns subtipos do VIH, com variações de região para região, segundo revela ao CM o coordenador da Comissão Nacional de Luta Contra a Sida (CNLCS), Meliço Silvestre. “Temos alguns subtipos de vírus recombinantes conforme a região, Norte, Centro ou Sul. Por exemplo, no Norte do País aparecem recombinações que são parecidas com os subtipos da Galiza e que não temos no Sul. Isto significa que os subtipos migram e há evolução que permite dizer qual o circuito de evolução do vírus e como cá vieram parar”, explica Meliço Sivestre. Estas recombinações de vírus levam a que as terapêuticas sejam “pessoais”.

Segundo o especialista, alguns doentes portugueses também manifestam alguma resistência à medicação, mas não à tripla terapêutica. Estão notificados cerca de 27 mil portugueses infectados com o VIH.

Cristina Serra
Fonte: Correio da Manhã